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A Vez da África

Combate à fome na Tanzânia

Perfil Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha

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"One Acre Fund" e os pequenos agricultores da Tanzânia

Por patricia
04/10/13 16:48

O livro do incrível Roger Thurow sobre o “One Acre Fund” – “Last Hunger Season: A Year in an African Farm Community on the Brink of Change” (A última temporada de fome: um ano em uma comunidade rural africana prestes a se transformar, em uma tradução livre) narra um ano da vida de quatro agricultores no Quênia que passaram a fazer parte do “One Acre Fund”.

Aqui na Tanzânia, tive o privilégio de testemunhar in loco como o “One Acre Fund” funciona.

Esta ONG está presente no Quênia, em Ruanda, Burundi, onde atende 150 mil pequenos agricultores.  E na Tanzânia, onde começou no ano passado, atende 3 mil .

Em troca de um empréstimo de 215 000 xelins tanzanianos (cerca de US$ 135) por um acre, ou US$ 68 por meio acre, o agricultor recebe sementes de milho, fertilizantes, seguro de safra, seguro de vida (se o agricultor morre, eles perdoam a dívida) e seguro funeral (um dos maiores gastos dos agricultores, já que funerais são mega eventos para todo o vilarejo, US$ 200).

Vão começar agora a fornecer pequenas luminárias movidas a energia solar, por 70000 xelins tanzanianos (US$ 47), que vão possibilitar aos agricultores economizar o que gastam em querosene (não há eletricidade em lugar nenhum) e carregar seus celulares (que são onipresentes)

Mas o principal mesmo é o treinamento. Eles ensinam os agricultores a espaçar as sementes de 30 em 30 cm, treinam como colocar corretamente o fertilizante, como arar melhor o solo, formar grupos para a plantação e colheita, uma série de pequenas mudanças que aumentam a produtividade.

Com essas mudanças, eles têm conseguido aumentar significativamente suas colheitas, entre 50% e 100%.

Quem chefia o One Acre na Tanzânia é David Hylden, formado em Antropologia Cultural pela Universidade Columbia. Todos os expatriados na ONG parecem ter sido exportados diretamente de um Vale do Silício idealista – jovens descolados, inteligentes e entusiasmados com a oportunidade de trabalhar na África.

Fomos no vilarejo de Mlanda, em Iringa, interior da Tanzânia. Lá, a vida se divide entre trabalhar no campo das 5h às 12h, ir comprar ou fazer escambo no mercado após o almoço, e, no fim da tarde, ir para os clubes. São a única diversão disponível – lá eles jogam conversa fora e bebem a aguardente de bambu, chamada ulanzi, ou a de milho.

As crianças vão para a escola de manhã, cada uma leva sua canequinha para receber a merenda –um mingau.

Levam também uns barbantes cheios de tampinhas de coca-cola para aprender a contar.

Conversando um um especialista tanzaniano para fazer o necessário “reality check”, ouvi o seguinte:

“A maioria das ONGs presentes na Tanzânia prestam um desserviço, porque vêm para cá apenas fazer assistencialismo, e vão embora sem deixar rastro. Algumas são diferentes, como a One Acre Fund, que faz os agricultores se esforçarem e pagarem por seus benefícios, o que os torna “donos” do resultado.”

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Comentários

  1. Hermes Monte Fischer comentou em 04/10/13 at 6:21 pm

    Este tipo de ação e que ajuda o desenvolvimento de uma nação, estive a pouco tempo no Quenia e pude ver que a terra e boa e o povo e trabalhador, basta orientação e uma melhor edução , principalmente tecnica de como plantar melhor e se organizar para comercializar a sua produção, deveriam também incentivar a criação das cooperativas, desta forma eles podem aumentar produção e melhorar a distribuição da renda de seu trabalho com uma melhor remuneração pelo que recebem, isso faz com que eles valorizem a auto estima e melhorar a condição de vida , principalmente das futuras gerações.

  2. anselmo comentou em 04/10/13 at 7:46 pm

    É maravilhoso tomar conhecimento de um trabalho como este aqui relatado. Pena que um bom número de ONGs brasileiras tenham sido criadas para desviar dinheiro público!

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